21 dezembro, 2012

Despedida

     

    Eu sempre tive medo dessa tal de "Despedida", mas por tanto tempo eu não soube o que era. Eu vivia em um mundo perfeito, eu tenho certeza disso. Sabe aquele tipo de mundo que flores nascem no meio de duas pedras? Aquele tipo que depois da chuva, vem um arco-iris lindo de tirar o fôlego? Aquele tipo que não existe choro, tristeza ou sofrimento? Era nele que eu vivia! Mas de repente, tudo desmoronou.
     Como pode? Em um segundo tudo é perfeito, tudo é bom, e apenas um segundo depois tudo aquilo que você tinha escapa de suas mãos, se torna fora do seu alcance. Mas como poderia tornar fora do meu alcance, se aquilo tudo era meu? Não é justo! 
    Aos poucos eu fui entendendo, você tinha que ir, não era uma daquelas coisas que podíamos responder sim ou não, era daquelas que você era obrigado a aceitar independente de qualquer sentimento ou emoção. Aos poucos eu fui entendendo que nem tudo acontece do jeito que queremos, que uma hora ou outra você vai ser obrigado a fazer algo que você não quer, algo que te machuque . . . como deixar alguém partir. Aos poucos eu fui entendo que eu teria que arrumar forças de onde eu não tinha, porque se eu não quisesse, ninguém poderia me ajudar, as coisas só acontecem quando você está realmente está disposta a fazer algo para mudar. 
     O dia finalmente chegou e eu tive que encarar aquilo tudo de frente, não importava o quanto estava doendo, o quanto aquilo me fazia mal, o quanto eu estava destruída ou o quanto eu não queria aceitar aquilo. Mas eu estava ali, desde o momento em que tudo começou até o momento que tudo acabou. No momento doeu tanto, mesmo achando que já tinha acabado com o estoque de lágrimas, elas continuavam a aparecer compulsivamente sem o menor controle. Depois doeu também, foi amenizando, mas nunca mais será a mesma coisa. A pior despedida é aquela que você sabe que será de vez, não haverá mais volta.
    Mas aos poucos eu fui entendendo que em algum momento da nossa vida, e não acontecerá apenas uma ou duas e sim muitas, nos teremos que nos despedir de alguma coisa. Um amigo que tomou um rumo diferente do seu, aquele familiar que resolveu sumir do nada, aquele dinheiro que você teve que gastar, aquele professor que salvava a escola do tédio, aquela caneta preferida, um amor que pensávamos que seria eterno, um ano que acaba. Aos poucos eu fui entendendo que é inevitável, seria ótimo se pudéssemos decidir nos mínimos detalhes o que vai acontecer conosco, mas não podemos. E pensando bem, não é tão ruim assim, o que seria da vida se já soubéssemos o que iria acontecer? Seria um completo tédio, como aquelas aulas de uma matéria horrível que ainda vem em dobradinha, sabe? Seria mais ou menos assim, e eu sei que eu não quero isso, e eu sei que você também não quer isso.
     Não há como praticar o desapego para que a despedida doa menos, mas tem uma coisa que aos poucos eu fui aprendendo, que tal ver um lado bom para cada situação ruim? É difícil, mas não é impossível, assim como não é impossível se despedir desse ano que foi tão bom, e tão ruim, mas que valeu a pena.

Thaiani Teles 

Nenhum comentário:

Postar um comentário